Passo aqui, junto a esta fonte límpida todos os dias. Várias vezes ao dia. Todos os dias. Um Homem, sentado sempre no mesmo sítio. Tem consigo experiência, sabedoria, de certo. É velho. Roupa velha. Cheiro a velho. Rosto de. Velho. Todos os dias.
Tem as mãos pintadas de sujo. As rugas notam-se salientes. Tem uma marca de rua no braço, por debaixo da camisa apodrecida. Olha fixamente, sem pestanejar, uns olhos sós, claros de mágoa.
Imóvel. Todo o dia, todos os dias.
Passam pessoas diferentes, umas pequenas bizarras; umas grandes excêntricas. E Ele ali. Como se estivesse colado àquele cimento frio. Ignorado na sua existência. Tenho ideia de que viva. Não tenho certezas.
Homem pobre, pobre Homem.
O que fizestes para aí estar não sei. Humildemente retrato o teu ser, ou não ser. Os outros passam. Não se questionam. Não falam nem olham. Desprezam. E eu estou só a ver, pacientemente? Passivamente?
Não se mexe.
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